Estimulantes sintéticos – a situação atual na Europa (Relatório Europeu sobre Drogas 2025)
A anfetamina, a metanfetamina e, mais recentemente, as catinonas sintéticas são estimulantes sintéticos do sistema nervoso central disponíveis no mercado da droga na Europa. Nesta página, pode encontrar a análise mais recente da situação dos estimulantes sintéticos na Europa, incluindo a prevalência do consumo, a procura de tratamento, as apreensões, o preço e a pureza, os danos e muito mais.
Esta página faz parte do Relatório Europeu sobre Drogas 2025, a síntese anual da EUDA sobre a situação das drogas na Europa.
Última atualização: 5 de junho de 2025
A elevada disponibilidade de diferentes estimulantes suscita preocupações a nível de saúde
A anfetamina, a metanfetamina e as catinonas sintéticas são estimulantes sintéticos do sistema nervoso central disponíveis no mercado de drogas ilícitas na Europa. Historicamente, o consumo de anfetamina foi sempre o mais comum, com a disponibilidade e o consumo de metanfetamina e catinonas sintéticas mais limitado na maioria dos países. No entanto, recentemente, parece ter ocorrido uma mudança, com as catinonas sintéticas, uma família alargada dos estimulantes, cada vez mais disponível na Europa com apreensões e importações sem precedentes. Parte do contexto para tal é que as tendências na produção de drogas sintéticas podem ser dinâmicas e os consumidores podem considerar diferentes estimulantes como funcionalmente semelhantes e estarem dispostos a experimentar novos produtos. No entanto, existem preocupações quanto ao aumento dos problemas para a saúde e os problemas sociais que podem estar associados à disponibilidade e consumo mais generalizado destas substâncias. Algumas ferramentas de monitorização existentes são mais eficazes a identificar e acompanhar as alterações relacionadas com as drogas sintéticas estimulantes ilícitas estabelecidas, como a anfetamina, do que os desenvolvimentos potencialmente alimentados por novas substâncias psicoativas, como as catinonas sintéticas, das quais existem muitas substâncias individuais. Deste modo, os dados do Sistema de Alerta Rápido da UE e de outros indicadores de vanguarda são cada vez mais importantes para a contextualização e compreensão destas alterações de mercado e para ter em conta as implicações para o desenvolvimento de políticas.
Riscos para a saúde decorrentes da evolução do mercado de estimulantes
Na Europa, são produzidos vários estimulantes sintéticos para mercados internos e exportações para países não pertencentes à UE; entre os quais a anfetamina, a metanfetamina e as catinonas sintéticas. Estas substâncias partilham uma estrutura química semelhante, mas os seus efeitos psicoativos e as suas consequências para a saúde pública podem variar significativamente. Por exemplo, foi demonstrado que algumas catinonas sintéticas, como a 4-CMC, têm efeitos e potenciais danos muito semelhantes a outros psicoestimulantes, como a MDMA e a anfetamina. No entanto, as catinonas sintéticas são um grupo alargado de drogas que contêm substâncias com efeitos diferentes ou riscos para a saúde que podem ser mais graves devido à sua maior potência, como os derivados de pirrolidina, que incluem o alpha-PHiP (α-pirrolidinoisohexanofenona). Os efeitos de muitas destas drogas nos seres humanos não foram objeto de uma investigação extensa. O policonsumo de drogas também aumenta o risco de efeitos adversos para a saúde. A par do potencial de rápidas mudanças na disponibilidade de substâncias e de um pequeno número de estudos sobre os riscos para a saúde, bem como a falta de uma terapêutica farmacológica estabelecida para casos de dependência, o aumento da disponibilidade de estimulantes sintéticos impõe um desafio para os modelos de resposta. A metanfetamina está disponível em formas de elevada pureza que podem ser fumadas e existem problemas de saúde específicos associados ao consumo desta droga por este modo de administração.
Em relação a todas as drogas estimulantes, os riscos para a saúde incluem overdoses, problemas de saúde mental agudos e crónicos e a propagação de doenças infeciosas. A combinação do consumo de drogas de alto risco com comportamentos sexuais de risco, conhecidos como «sexo químico», também foi documentada em algumas populações. Existem também preocupações específicas quanto à injeção de estimulantes, que tem sido associada a um risco mais elevado de transmissão do VIH. Isto pode ser explicado por um consumo mais frequente, pela partilha de material de injeção e por comportamentos sexuais de risco entre pessoas que injetam estimulantes.
Na última década, 7 cidades europeias em 6 países registaram surtos locais de VIH associados à injeção de estimulantes, maioritariamente entre pessoas marginalizadas que injetam drogas em locais de consumo abertos (ver Doenças infeciosas relacionadas com o consumo de drogas – a situação atual na Europa). A análise de resíduos de seringas realizada pela rede ESCAPE em 2023 confirma a presença de estimulantes, como as anfetaminas e as catinonas sintéticas, em vários locais de consumo de drogas injetáveis. Em 2023, os relatórios da rede Euro-DEN Plus de hospitais sentinela em toda a Europa salientam a presença contínua de estimulantes sintéticos em casos de intoxicações agudas relacionadas com drogas nos serviços de urgência.
A produção e o tráfico de metanfetamina na Europa realçam o risco de aumento do consumo
Embora a anfetamina seja mais consumida na Europa, há alguns sinais de que o consumo de metanfetamina que, no passado, estava geograficamente limitado, encontra-se agora presente em mais países. Ambas as drogas podem ser fabricadas a partir de várias substâncias, sendo a benzilmetilcetona (BMK) um precursor químico chave para ambas as drogas. Outras substâncias que podem ser utilizadas para fazer BMK são escolhidas pelas redes criminosas numa tentativa de evadir a deteção. As apreensões tanto de BMK como das substâncias para a sua criação têm vindo a aumentar na Europa. Os locais de produção destas drogas estão, historicamente, mais concentrados em alguns países. Por exemplo, a produção em grande escala de anfetamina e metanfetamina ocorre nos Países Baixos. Também existe alguma produção de anfetamina na Alemanha e na Polónia, enquanto na Chéquia são comunicadas instalações de produção de metanfetamina de menor escala que servem apenas o mercado nacional. Uma preocupação recente é o tráfico de óleo-base de anfetamina dos Países Baixos e da Bélgica para outros países para converter em produtos de consumo.
Continuam a ser detetadas instalações de produção de drogas ilícitas para produzir uma ou ambas substâncias na União Europeia. Os locais de produção de droga capazes de alternar entre várias substâncias são conhecidos como «laboratórios combinados» ou «combi-labs». A utilização de combi-labs provavelmente apela às redes criminosas, uma vez que lhes permite satisfazer facilmente as preferências de mercado em mudança e produzir produtos mais valiosos para a exportação, como a metanfetamina cristalina, juntamente com produtos menos lucrativos para os consumidores domésticos, como a anfetamina e outros estimulantes sintéticos. Apesar de muitas instalações de produção serem de pequena a média escala, são detetadas todos os anos instalações de maiores dimensões com capacidade industrial e, embora os dados disponíveis tornem difícil comentar com certeza a sua produção efetiva, as informações das autoridades indicam que a produção em grande escala continua.
Além disso, em 2023, foram comunicados aumentos das quantidades apreendidas para ambas as drogas. Tal inclui grandes apreensões de metanfetamina, muitas vezes de origem mexicana, que indicam o transbordo da droga através da Europa para outros destinos, incluindo a Austrália. Tal como referido noutros pontos do presente relatório, as redes criminosas utilizam uma série de modi operandi para traficar drogas. Os Estados-Membros da UE podem ser uma opção atrativa para os traficantes que procuram encaminhar taticamente remessas de droga ocultas em contentores de transporte marítimo para locais menos associados ao tráfico internacional de droga antes de prosseguirem o transporte para o destino previsto. Tal é evidente nos resultados de investigações realizadas pelos serviços europeus responsáveis pela aplicação da lei, como na Irlanda em 2023, onde as quantidades apreendidas excedem largamente as que provavelmente são necessárias para fornecer a procura da UE ou nacional (ver Figura 4.1).
Nota: Apreensão efetuada em fevereiro de 2024 no porto de Cork, na Irlanda, pela Garda Síochána (polícia) e pela Alfândega.
Em conjunto, esta informação sugere que a produção e o tráfico de anfetaminas e metanfetaminas na Europa continuam, tanto para a procura interna como para a exportação para mercados fora da UE mais rentáveis. Esta situação acarreta o risco de um aumento do consumo destes estimulantes na União Europeia, tanto nos países onde as drogas são produzidas como nos países através dos quais são traficadas. Tal acontece porque esta produção e tráfico criam o potencial para uma maior disponibilidade destas drogas nos mercados locais de estimulantes que podem, por vezes, sofrer mudanças dinâmicas nos produtos disponíveis para os consumidores. Além disso, a incerteza quanto aos efeitos dos acontecimentos no Afeganistão sobre o mercado da heroína na UE e qualquer potencial mudança para substâncias de substituição, temporária ou não, continuam a ser uma preocupação para os decisores políticos.
Maior integração das catinonas sintéticas no mercado de drogas
Em algumas partes da Europa, as catinonas sintéticas estabeleceram-se no mercado de drogas ilícitas como alternativas mais baratas em relação a outros estimulantes sintéticos. Consequentemente, é agora provável que estejam cada vez mais disponíveis catinonas sintéticas. Embora alguns indicadores possam sugerir que o mercado destas drogas pareça estar a crescer, a monitorização de um vasto grupo de compostos constitui um desafio para ferramentas originalmente concebidas para fazer o seguimento de drogas ilícitas há muito estabelecidas, como a cocaína. Embora apenas tenham sido notificadas 7 novas catinonas sintéticas pela primeira vez ao Sistema de Alerta Rápido da UE em 2023, mais de 60 catinonas sintéticas anteriormente notificadas foram detetadas no mercado de drogas da UE no mesmo ano e 178 foram identificadas.
As importações e apreensões de catinonas sintéticas aumentaram consideravelmente de ano para ano. Em 2023, as importações e apreensões destas substâncias aumentaram três vezes mais a quantidade combinada de anfetamina e metanfetamina apreendida. A maioria envolveu um pequeno número de importações em massa provenientes da Índia, principalmente através dos Países Baixos. Também ocorrem níveis significativos de produção de catinona sintética na Europa, onde têm sido desmantelados laboratórios de grande escala e apreendidas grandes quantidades de químicos precursores. Muitos destes laboratórios foram desmantelados na Polónia (Figura 4.2), onde foi comunicada a cooperação entre redes criminosas polacas e ucranianas, mas também nos Países Baixos e, em menor medida, na Bélgica e na Alemanha. O facto das catinonas sintéticas possam ser produzidas com relativa facilidade a partir de produtos químicos não inventariados pode ter facilitado a sua produção na União Europeia. Reconhecendo este facto, a Comissão Europeia solicitou à EUDA que avaliasse os riscos associados a oito precursores de catinona, bem como a um precursor de anfetaminas, com vista a inventariar estes produtos químicos a nível da UE.
Nota: Apreensão efetuada pelo Serviço Central de Investigação Policial.
Embora algum nível de consumo não intencional de catinonas sintéticas em misturas de drogas e comprimidos continue a ser uma preocupação, os dados dos serviços de testagem de substâncias psicoativas corroboram a opinião de que alguns consumidores compram catinonas intencionalmente. Por exemplo, na maioria dos casos em que os serviços europeus de testagem de substâncias psicoativas identificaram catinonas, eram a substância esperada pela pessoa que submeteu a amostra para análise.
No entanto, a exposição a substâncias inesperadas foi evidente nas amostras submetidas, vendidas como 3-MMC que invés disso continham 2-MMC.
Atualmente, o número de utentes que iniciaram tratamento devido a problemas relacionados com o consumo de catinonas sintéticas nos Estados-Membros da UE continua a ser relativamente baixo, em pouco menos de 2 000, mas aumentou 356 % entre 2018 e 2023. Mais de um quinto das pessoas que procuram tratamento para problemas relacionados com catinonas referem utilizar a injeção como principal via de administração, e a mesma proporção consumiu a droga diariamente antes de iniciarem o tratamento.
Em suma, uma vez que o consumo de estimulantes ilícitos pode levar a uma série de problemas de saúde, estas substâncias continuam a representar um desafio para os esforços de monitorização, para os decisores políticos e para os prestadores de serviços na Europa. O consumo mais frequente de drogas injetáveis associado ao consumo de estimulantes e às complicações para a saúde potencialmente muito mais graves decorrentes de injetar e fumar metanfetamina, significam que qualquer aumento no consumo, especialmente entre os grupos vulneráveis, poderia representar um desafio crescente para a redução dos danos e para os serviços de saúde de emergência. O aumento do consumo de catinona destaca o papel da análise forense e toxicológica para compreender as tendências de consumo e a escala e natureza de quaisquer efeitos adversos associados para a saúde. A EUDA realizou recentemente avaliações de risco a três novas catinonas sintéticas (ver Avaliações de risco).
Principais dados e tendências
Prevalência e padrões de consumo de estimulantes sintéticos
- Inquéritos realizados por 24 Estados-Membros da UE entre 2017 e 2024 sugerem que 1,6 milhões de jovens adultos (com idades compreendidas entre os 15 e os 34 anos) consumiram anfetaminas (anfetamina e metanfetamina) durante o último ano (1,6 % deste grupo etário). Dos 14 países europeus que realizaram inquéritos desde 2022 e apresentaram intervalos de confiança, 2 comunicaram estimativas mais baixas do que no inquérito comparável anterior, 4 comunicaram estimativas mais elevadas e 8 uma tendência estável (ver Figura 4.3 para os dados mais recentes do inquérito).
- No inquérito escolar ESPAD de 2024, 10 % dos estudantes do ESPAD de 15 a 16 anos dos Estados-Membros da UE classificaram a anfetamina como facilmente acessível, enquanto 7,9 % classificaram a metanfetamina como facilmente acessível. Em média, 1,8 % dos estudantes afirmaram ter consumido anfetamina pelo menos uma vez ao longo da vida, e 1,4 % afirmaram ter consumido metanfetamina. Menos de 1 % dos inquiridos afirmaram ter consumido qualquer uma destas substâncias pela primeira vez aos 13 anos de idade ou menos.
- Entre os poucos países que comunicam estimativas de consumo de metanfetamina de alto risco, as estimativas da prevalência variam entre 0,71 por 1 000 habitantes (o que corresponde a 429 consumidores de alto risco) no Chipre, e 5,48 por 1 000 habitantes (37 900 consumidores de alto risco) na Chéquia, com 3,9 por 1 000 habitantes (14 056 consumidores de alto risco) na Eslováquia.
- No Inquérito Europeu Online sobre Drogas 2024, um inquérito não representativo de pessoas que consomem drogas, 17 % dos inquiridos que vivem na União Europeia ou na Noruega referiram ter consumido anfetamina, enquanto 9 % tinha consumido catinonas sintéticas e 5 % metanfetamina. O policonsumo de drogas foi comum entre os consumidores de anfetamina e metanfetamina, sendo que apenas 9 % dos que consumiram anfetamina e 13 % dos que consumiram metanfetamina indicaram tê-las consumido sem outras substâncias, incluindo tabaco e álcool, no último episódio de consumo. Dos consumidores de anfetamina, 86 % geralmente faziam-no por via nasal, utilizando pós/cristais. Em média, foi consumido um comprimido por dia de consumo. Dos que consumiram metanfetamina, 71 % fizeram-no por via nasal e 26 % fumaram-na em tubos, utilizando pós/cristais. Em média, foi consumido um comprimido por dia de consumo. Dos consumidores de anfetamina, 66 % afirmaram tê-la consumido para «ficar “alterado”/por diversão» e mais de metade «para manter-se acordado». No caso da metanfetamina, pouco mais de metade dos consumidores referiram ter consumido a droga para «ficar “alterado”/por diversão» e 44 % para «manter-se acordado».
- Das 68 cidades que dispõem de dados relativos a resíduos de anfetamina nas águas residuais municipais em 2023 e 2024, 34 comunicaram um aumento, 20 uma situação estável e 14 uma redução (Figura 4.4).
- Das 71 cidades que dispõem de dados relativos a resíduos de metanfetamina nas águas residuais municipais em 2023 e 2024, 32 comunicaram um aumento, 12 uma situação estável e 27 uma redução (Figura 4.5).
Início de tratamento devido ao consumo de estimulantes sintéticos
- Estima-se que cerca de 9 200 utentes tenham iniciado um tratamento especializado da toxicodependência na Europa em 2023, comunicando a anfetamina como a sua droga principal, sendo cerca deles metade (4 300) dos utentes pela primeira vez (Figura 4.6).
- Em 2023 ou no ano mais recente disponível, os utentes consumidores de anfetamina representavam, pelo menos, 10 % dos utentes que iniciaram o tratamento pela primeira vez na Bulgária, na Estónia, na Letónia, na Lituânia, na Hungria, na Polónia, na Finlândia e na Suécia. Na Chéquia, na Eslováquia e na Turquia, mais de 30 % dos utentes que iniciaram o tratamento pela primeira vez por problemas relacionados com a metanfetamina.
- Os utentes que iniciam tratamento e referem que a metanfetamina era a droga principal responsável pelos seus problemas concentram-se na Chéquia, Alemanha, Eslováquia e Turquia que, em conjunto, representam 91 % dos 12 000 utentes consumidores de metanfetamina que entraram em tratamento em 2023. A Turquia, onde o número de utentes que iniciaram tratamento quadruplicou, aumentando 305 % entre 2018 e 2023, representa 43 % dos 5 900 utentes que iniciaram o tratamento pela primeira vez (Figura 4.7). Além disso, os serviços de redução de danos na Grécia e em Espanha referem um número significativo de utentes que fumam metanfetamina em 2023.
- Os dados disponíveis dos países que registaram utentes que iniciaram tratamento devido ao consumo de catinonas sintéticas, mostram um aumento de 425 utentes em 2018 para 1 930 utentes em 2023, 90 % dos quais são representados pela França (607 utentes, dados de 2022), Espanha (346 utentes, dados de 2022), Polónia (330 utentes), Países Baixos (310 utentes) e Bélgica (162 utentes) (Figura 4.8). A percentagem de utentes que iniciaram tratamento devido ao consumo de catinonas sintéticas, entre todos os que iniciaram tratamento devido ao consumo de estimulantes que não a cocaína como droga principal, aumentou de 12 % em 2023 para 3 % em 2018.
Consumo injetável de estimulantes sintéticos
- A injeção é referida como uma via de administração comum pelos utentes que iniciam tratamento devido ao consumo de anfetamina como droga principal em vários países, incluindo a Finlândia (77 %), a Estónia (73 %) e a Suécia (72 %).
- Cerca de 5 % dos utentes consumidores de anfetamina que iniciaram tratamento da toxicodependência na Europa em 2023 ou no ano mais recente disponível, referiram a injeção como a principal via de administração, enquanto 67 % referiram inalar, 10 % fumar e 18 % referiram o consumo oral da droga. Seis países (Bélgica, Alemanha, Hungria, Países Baixos, Polónia e Espanha) representaram quase 80 % dos utentes que iniciaram tratamento.
- A análise de 3 276 seringas utilizadas recolhidas pela rede ESCAPE de 19 cidades em 13 Estados-Membros da UE e a Noruega em 2023 revelou que, em geral, metade das seringas continha resíduos de duas ou mais categorias de drogas. A combinação mais frequente foi um opiáceo e um estimulante.
- Nos dados da ESCAPE, as catinonas sintéticas foram frequentemente detetadas em Budapeste (69 %), Paris (65 %), Madrid (46 %) e, em menor grau, em Amesterdão (15 %) e Helsínquia (14 %). Foram identificadas um total de 13 catinonas distintas nas cidades participantes, sendo a 3-CMC, N-etilnorpentedrona, mefedrona, 4-CMC e alpha-PVP as mais frequentemente detetadas.
- A metanfetamina foi detetada na maioria das seringas recolhidas em Praga (66 %) e num quarto de seringas recolhidas em Atenas (25 %).
- A anfetamina foi detetada na maioria das seringas em Taline (67 %) e Oslo (52 %).
Danos relacionados com o consumo de estimulantes sintéticos
- Em 2023, a anfetamina foi a quarta substância comunicada com mais frequência por 21 hospitais Euro-DEN Plus localizados em 15 Estados-Membros da UE e na Noruega. Esteve presente em 11 % (718) dos casos de intoxicações agudas relacionadas com drogas.
- A metanfetamina foi comunicada por 18 hospitais Euro-DEN Plus em 2023 e esteve presente em 2,4 % (163) dos casos de intoxicações agudas relacionadas com drogas (2,1 % em 2022).
- Em 2023, as catinonas foram notificadas por 13 hospitais Euro-DEN Plus localizados em 10 Estados-Membros da UE e na Noruega. As catinonas estiveram presentes em 1,5 % dos casos de intoxicações agudas relacionadas com drogas. Em 2023, a catinona sintética 3-MMC esteve envolvida em 30 casos de intoxicações agudas relacionadas com drogas em 4 hospitais Euro-DEN Plus (38 em 2022, em 6 hospitais). A maioria foi registada pelos hospitais da Bélgica (Antuérpia e Gante).
- Dos 21 Estados-Membros da UE com dados post mortem disponíveis para 2023, 19 registaram 907 mortes induzidas pelo consumo de droga em que estavam envolvidos estimulantes do tipo de anfetamina, incluindo MDMA (936 em 2022 nos mesmos países).
- Em 2023, 7 países registaram mortes que envolveram catinonas sintéticas, com um total de 39 casos. Este número é uma estimativa mínima, uma vez que é possível que estas substâncias não sejam sistematicamente pesquisadas na análise de toxicologia post mortem de rotina em alguns países.
Dados do mercado de estimulantes sintéticos
- Em 2023, os Estados-Membros da UE notificaram 30 000 apreensões de anfetamina, num total de 10,2 toneladas (7,1 toneladas em 2022) (Figura 4.9). A Turquia apreendeu quase 3,5 toneladas (6 toneladas em 2022), incluindo quase 14 milhões de comprimidos descritos como «captagon» (24 milhões em 2022). A pureza média da anfetamina a nível de retalho aumentou acentuadamente ao longo da última década (+88 %), enquanto o preço médio diminuiu (-19 %).
- Os Estados-Membros da UE comunicaram 9 800 apreensões de metanfetamina, totalizando 1,8 toneladas em 2023 (1,4 toneladas em 2022) (Figura 4.10). A Turquia comunicou 65 800 apreensões de metanfetamina em 2023, totalizando 11,5 toneladas e 10 415 litros (15,8 toneladas e 383 litros em 2022). A pureza média da metanfetamina aumentou 30 % entre 2013 e 2020. Desde então diminuiu e, em 2023, foi 16 % mais elevada do que em 2013.
- A quantidade total de catinonas sintéticas comunicadas como apreendidas ou importadas pelos Estados-Membros da UE em 2023, em todas as suas formas, ascendeu a 37 toneladas (27 toneladas em 2022, 4,5 toneladas em 2021). As principais substâncias foram a 3-CMC, 2-MMC e N-etilnorpentedrona.
- Em 2023, 10 Estados-Membros da UE comunicaram o desmantelamento de 93 laboratórios de anfetamina (108 em 2022): Países Baixos (38), Alemanha (21), Polónia (19), Bélgica (5), Áustria (3), Lituânia (2) Suécia (2), Bulgária (1), Chéquia (1), Finlândia (1).
- Sete Estados-Membros da UE comunicaram o desmantelamento de 250 laboratórios de metanfetamina em 2023 (242 em 2022): Chéquia (189), Países Baixos (29), Bulgária (18), Alemanha (5), Polónia (5), Bélgica (3), Áustria (1).
- As apreensões dos precursores necessários para sintetizar a metanfetamina através do «método da efedrina» (efedrina e pseudoefedrina) ascenderam a 7,8 toneladas em 2023 (352 quilogramas em 2022). O grande aumento deve-se principalmente ao desmantelamento de uma operação de tráfico de uma empresa farmacêutica aparentemente legítima na Roménia.
- Tanto a anfetamina como a metanfetamina também podem ser produzidas utilizando BMK como material de base. As apreensões de BMK atingiram 5 453 litros em 2023 (1 329 litros em 2022). Além disso, 66,2 toneladas de substâncias (26,6 toneladas em 2021) que podem ser utilizadas para produzir BMK foram apreendidas na Europa nesse mesmo ano.
- As apreensões de ácido tartárico, uma substância química que permite a recuperação da forma mais potente e procurada de metanfetamina (d-metanfetamina, utilizada para o «cristal meth») a partir de misturas produzidas por métodos BMK, atingiram 10,9 toneladas em 2023 (2,6 toneladas em 2022) e foram comunicadas pela Bélgica e pelos Países Baixos.
- Em 2023, foram desmantelados na União Europeia 53 locais de produção de catinona sintética, alguns dos quais de grande escala (29 em 2022): a grande maioria foi apreendida na Polónia (40 locais), sendo os restantes representados pelos Países Baixos (8 locais), a Alemanha (2), a Bélgica (1), a Áustria (1) e a Suécia (1).
- As apreensões de precursores de catinona sintética ascenderam a 2,1 toneladas em 2023 (558 quilogramas em 2022), a maior parte das quais foi apreendida nos Países Baixos (1 416 quilogramas) e na Polónia (735 quilogramas). É provável que estes valores sejam subestimados, uma vez que os precursores de catinonas não estão inventariados.
- Embora não sejam representativas dos mercados nacionais de droga, cerca de 60 % das amostras de anfetamina rastreadas pelos serviços de testagem de substâncias psicoativas europeus 9 Estados-Membros da UE no primeiro semestre de 2024 continham um adulterante psicoativo. A cafeína (57 %) foi o adulterante psicoativo mais frequentemente detetado nas amostras de anfetamina analisadas pelos serviços de testagem de substâncias psicoativas. Outros estimulantes (5 %), incluindo MDMA, cocaína e catinonas, bem como alucinogénios (menos de 1 %) também foram encontrados como adulterantes.
- Os dados de 12 serviços de testagem de substâncias psicoativas em 10 Estados-Membros da UE do primeiro semestre de 2024 mostram que, de todas as amostras analisadas que contêm catinonas, era esperada outra droga (principalmente MDMA) em 12 % (77) das amostras, enquanto 88 % (558) foram submetidas como tal. As amostras vendidas como 3-MMC em vez disso continham frequentemente 2-MMC.
Estão disponíveis informações pormenorizadas sobre os estimulantes sintéticos no Mercado conjunto da droga da UE EUDA-Europol: Análise aprofundada e Estimulantes: respostas sanitárias e sociais da EUDA.
Fontes de dados
O conjunto completo de dados de base para o Relatório Europeu sobre Drogas 2025, incluindo metadados e notas metodológicas, está disponível no nosso catálogo de dados.
Pode ser consultado abaixo um subconjunto destes dados, utilizado para gerar infografias, quadros e elementos semelhantes nesta página.
Quadros de dados relativos à prevalência do consumo de drogas, incluindo inquéritos à população geral e análises de águas residuais (todas as substâncias)
Outros quadros de dados, incluindo tabelas específicas para os estimulantes sintéticos
